Calma no quarto das crianças

24 Fevereiro 2007

Eles são a banda alemã com mais sucesso, ganharam todos os prémios que a indústria musical tem para oferecer, estiveram em todos os tapetes vermelhos e sentaram-se em todos os sofás da televisão da república.

Depois da escolha de sucesso inesperada, o álbum Schrei, segue-se agora para os Tokio Hotel o dever: o difícil segundo álbum, que tem o título de Zimmer 483 e que já está à venda. Razão suficiente para uma conversa com o vocalista Bill Kaulitz.

Bill, já conseguem perceber o que se passou convosco no ano passado?
Bill: Dificilmente. Tivemos as férias livres, viajámos até às Maldivas e conseguimos assim deixar passar um bocado em revista, observar tudo mais uma vez à distância. Isto é um bocado denso. Quando olho para mim, tudo o que viremos a fazer neste ano, soa já muito poderoso. Às vezes não consigo nada acreditar que faço isto tudo e que isso se volta para nós.

Disseste que pensavas que as férias eram exclusivamente para "Relaxar, encostar, e dormir". Que pensamentos te passaram pela cabeça quando pensaste no regresso?
Bill: Estava muito curioso, porque eu sabia que o single e o vídeo esperavam. Eu quero sempre sair com as novas coisas, quero que as pessoas ouçam. É como um tesouro, e depois é desenterrado, todas as pessoas vão falar sobre isso. Portanto: estava muito nervoso quando pensava no regresso.

Escreves as músicas de modo diferente com a consciência que desta vez toda a gente realmente ouve ?
Bill: Não fizemos nenhuma pressão em nós. Muitas canções foram feitas na estrada, às vezes eram também ideias antigas em que nós pegámos de novo. Em parte, tínhamos ideias que primeiro tínhamos de deixar de parte, para que amadurecessem. Ou porque ainda não eram exactamente o que queríamos. Três semanas depois descobres: «Oh, isto está mesmo fixe!» Às vezes é importante que para além disso haja alguma distância.

O vosso primeiro single Übers Ende der Welt pega no tema "Metrolpolis" de Fritz Lang: Robots a trabalhar sincronizados num mundo de arte inóspito. Isso parece muito sombrio e melancólico, apesar do Final Feliz. Porquê tão pensativo, quando o mundo para vocês deveria ser rosa?
Bill: Nesse tempo nós vínhamos também dum completo dia-a-dia: tínhamos escola todos os dias, todos os dias o mesmo programa. Todo achávamos isso uma merda, de acordar todos os dias cedo e fazer sempre as mesmas coisas. A única coisa que nos dava alegria era a música. Nós mantivemo-la, acreditámos nela e queríamos absolutamente que chegasse a alguma coisa. E queríamos que as outras pessoas também o fizessem, não nos podemos deixar ser agarrados assim pelo dia-a-dia. Às vezes uma pessoa deve arriscar e com os seus talentos, que talvez tenha, sair da rotina do dia-a-dia. Acelerar e quebrar fronteiras. É por isso que o vídeo também é assim.

Uma motivação, portanto, para os jovens da vossa idade?
Bill: É igual qualquer que seja a profissão, igual o que quer que se faça, uma pessoa depara-se sempre com quaisquer fronteiras, que talvez não dêem nada nas vistas, mas que estão lá. E uma pessoa deve ter coragem para as quebrar.

O título do álbum é Zimmer 483, querem manter secreto o seu significado? Há críticas que a gozar dizem que foi aí que tiveram a vossa primeira vez. Portanto agora: O que é que tem a ver com vocês?
Bill (sorri ironicamente): Oh, há uma quantidade de disparates como "4 pessoas, 8 olhos, 3 instrumentos" ou assim. E também ouvimos que o primeiro single da Nena saiu em 1983, absolutamente todas as coisas em que eu não penso. Portanto, existe mesmo este quarto e tem um grande significado para nós, porque se passou uma coisa essencial que contribuiu para este álbum. No mínimo tão bom como sexo.

Boa nota: Como lidam com o facto de que milhares de raparigas iriam com vocês de boa vontade para o quarto de hotel a qualquer altura? Também carregam aí uma quantidade de responsabilidade.
Bill: Claro que ser conhecido é um sentimento agradável, e há lá muitas raparigas. Mas eu tornei-me completamente cuidadoso. E com o tempo deixa-se cada vez menos pessoas estarem à tua volta. Com isso claro que também menos raparigas me conseguem tocar, precisamente porque, de tal modo muitas querem alguma coisa e alguma coisa que contar. Aí é pesado. Mas se me envolvo com alguém depois, também é realmente estável e significa alguma coisa.

É-te difícil distinguir quem te ama e quem a ama a tua fama?
Bill: Sim, exactamente. Por isso também é preciso tempo simplesmente para ganhar confiança. É muito difícil. Quando é só para sexo claro que é outra coisa. Mas quando tu procuras alguma coisa séria, é difícil de distinguir.

Vocês quatro tiveram agora um ano no estúdio, com entrevistas e no tourbus, um a seguir ao outro. Nunca há discussões entre vocês? E se há, então como é que são?
Bill: Claro que há momentos, quando entras nos corredores do hotel de manhã e simplesmente desejas não ver nenhum dos outros. Isso é muito óbvio, tanto como nós estamos na estrada. Por isso precisamos também às vezes de tempo fora. Não há ninguém que devore qualquer coisa nele próprio.

Tema contra o vento: Como foi também, no Stefan Raabs "Stock Car Challenge", conhecer o sentimento de ser vaiado? Doeu?
Bill: Muitas bandas têm fãs que estão lá e aplaudem bem comportados. Connosco é ao contrário. Temos pessoas que assobiam e que acham que é uma merda total, e depois também há pessoas que gritam. Não trocava por nada. Quando vejo os gajos que não nos suportam, que pintam placares e mudam os nossos textos, penso sempre: «Idade, para que se dão ao trabalho, se isso vos mete assim tanto nojo!».

No Outono tornas-te adulto. Qual é a primeira coisa que vais fazer com o cheque gordo da editora?
Bill: Não faço ideia, acho que até lá vamos tirar a carta de condução, talvez depois comprar um carro para mim. Mas somos cuidadosos lá. Quem sabe o que acontece com o carro que conduzes pela primeira vez.

No ano passado não perderam nenhum prémio de música. O que pode de lá vir mais? Na verdade, pode ainda só piorar, ou?
Bill: Isso pensei eu depois da primeira música: Merda, mais do que primeiro lugar não passa! O que ainda queremos fazer? E também muitos nos disseram: «Têm tanto sucesso, não conseguem alcançar muito mais na Alemanha!» Mas eu penso, vão haver de novo sempre momentos que nos fazem espantar.

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