Há quatro anos, os gémeos Bill e Tom Kaulitz dos Tokio Hotel mudaram-se para Los Angeles e desfrutaram a vida fora dos holofotes. Agora estão de volta com um novo álbum. Nesta entrevista, Bill Kaulitz e Gustav Schäfer falam sobre a pausa e porque é que o seu regresso não é bem um regresso.
A ex-banda adolescente acabou de lançar o seu novo álbum "Kings of Suburbia". Antes disso, os quatro rapazes estiveram desaparecidos do ecrã durante quatro anos. Os gémeos Bill e Tom Kaulitz (25) mudaram-se para L.A. Também Gustav Schäfer (26) e Georg Listing (27) fizeram imensas coisas durante esse tempo. Mas o novo disco é outra vez um sucesso. Quando o álbum começou a ser vendido atingiu o número 1 em vários países.
Deve ser uma óptima sensação saber que os fãs ainda lá estão...
Kaulitz: É muito fixe! Sempre foi incrível. Nestes quatro anos, de vez em quando, ainda ganhámos uns prémios. Os nossos fãs estavam sempre a dar-lhe gás. Mesmo naquela altura em que não fazíamos nada. O apoio dos nossos fãs é incrível e não é um dado adquirido. Antes da nossa pausa, houve quem nos dissesse: não podem fazer isso, é um "suicídio na carreira". Mas nós fizemo-lo na mesma. Não queríamos fazer um álbum que não gostássemos ou que apenas metade dele fosse fantástico. Mas, pessoalmente precisávamos deste tempo. E afinal não foi um "suicídio na carreira".
Porque é que te mudaste para Los Angeles com o Tom em 2010?
Kaulitz: Afinal, nem sequer nos conseguíamos divertir aqui. Não conseguimos construir uma vida privada além da nossa carreira. Estava a faltar um equilíbrio. Depois de nos terem entrado em casa, dissemos para nós mesmos: não vamos andar outra vez à procura de mais nenhuma casa aqui e construir uma prisão para nós próprios, em que nem sequer conseguimos espreitar lá para fora. Em quatro semanas planeámos tudo, fizemos as nossas malas e fomos embora.
Que tipo de coisas é que não conseguiam sequer fazer na Alemanha?
Kaulitz: Para dizer a verdade, nada. A começar logo por encomendar uma pizza. Ou no hotel, quando fazíamos o check-in com nomes falsos. Não podemos ficar num sítio por muito tempo. Sempre andámos com seguranças atrás. Tínhamos sempre 20 pessoas a seguir-nos no carro e 50 em frente à nossa casa. E depois a vida privada fica fechada atrás de um portão e de uma cerca e dentro de quatro paredes. E depois já não se tem mais nada da vida e do mundo.
E como é que é em L.A.?
Kaulitz: É totalmente diferente. De manhã, pergunto-me: o que é que vou fazer hoje? Vou ao restaurante ou vou beber café? Apenas as coisas normais, como por exemplo, planear o dia em si. Se eu agora quiser ir sair com o meu cão, tenho que planear tudo primeiro. Quando se está em tour é tudo na boa, mas não se quer estas coisas na vida privada. Há que haver um equilíbrio e nós encontrámo-lo em L.A.
E lá podem viver como pessoas normais de 20 anos...
Kaulitz: Absolutamente. Vamos a discotecas e às vezes até caímos para o lado (?). Tal como os outros fazem na nossa idade, só que sem que estas coisas apareçam no jornal no dia a seguir. Não queríamos mais histórias sobre a nossa vida privada. A música já nem sequer aparecia em primeiro plano: é muito mais interessante aquilo que dizemos ou fazemos, onde é que vivemos, o que é que vestimos e com quem é que dormimos. Nestes quatros anos, não demos nenhuma entrevista para que conseguíssemos ter outra vez um pouco de paz.
O que é que não gostam em L.A.?
Kaulitz: Por exemplo, que todos os clubes fechem às duas. À 1h45 é a última bebida e às 2h em ponto as luzes acendem-se. Por isso, começa-se logo a beber à tarde. Nunca me vou conseguir habituar a isso! Irrita-me tanto que eu até quase que preferia mudar-me para Nova Iorque. Além disso, temos saudades do pão alemão, do bolo de ameixa e de conduzir a alta velocidade na autobahn.
Gustav, o que é que tu e o Georg fizeram durante este tempo?
Schäfer: O Georg, tal como eu, viajou até outras cidades, onde já lá estivemos uma centena de vezes, mas nas quais nunca vimos nada além do aeroporto e do hotel. Tal como eu, o Georg também esteve pela primeira vez em Paris. Lá, andámos pela primeira vez de metro.
Pela primeira vez na vida?
Schäfer: Sim, pela primeira vez na minha vida. Em Paris. Também fomos à Torre Eiffel, tudo muito turístico com filas e essas coisas todas. Foi divertido!
Reconheceram-te?
Schäfer: Não, por acaso não. Foi uma boa sensação.
Então, também foi uma pausa para vocês os dois...
Schäfer: Sim, também nos encontrámos com a nossa família nesse tempo. Por exemplo, almoçarmos ao meio dia de domingo. Claro que também não podíamos deixar de ir a festas.
E porque é que regressaram agora?
Kaulitz: Pessoalmente, não vimos isto como um regresso. Em finais de 2011, ainda estávamos em tour na América do Sul, no Japão e na Rússia. Depois, fizemos uma pausa durante um ano e meio. Para nós, não parece que foi assim tanto tempo. Depois começámos a fazer outra vez música no estúdio. Não estivemos de braços para o ar durante 4 anos seguidos. E nunca nos separámos. Era óbvio que algum dia iríamos lançar um álbum. Só não sabíamos era quando.
Estão preocupados com o futuro? E se algum dia não voltarem a ter sucesso?
Kaulitz: Depois do nosso quarto álbum, estamos mais relaxados. Acho que vamos ter sempre futuro na música. Podemos dizer isto meio confiantes. Criámos uma boa base nos últimos dez anos que vai estar sempre lá. Isso tem menos a ver com o sucesso de um só álbum. Na música também há tantas áreas: por exemplo, o Tom quer escrever e produzir para outros artistas.
Conseguem-se imaginar a fazer outra coisa?
Kaulitz: Não. Estou muito grato por podermos ter seguido este caminho. Não me consigo imaginar a fazer algo normal e que nem sequer quero muito fazer. Temos a sorte de fazer aquilo que amamos e que gostamos de fazer e de fazer aquilo que sentimos que foi para isso que fomos chamados.
O Wolfgang Joop gosta do teu estilo. O que é que a moda e o estilo significam para ti? É arte para ti?
Kaulitz: Sim, totalmente. A moda é a minha segunda paixão a seguir à música. Para mim, elas andam de mãos dadas. Não me vejo como um cantor-compositor que está em palco apenas a cantar. Sempre fui mais um cantor e um artista. Gosto de fazer espectáculo. Em tour, fazemos muito mais do que tocar os nossos instrumentos. Para mim, a moda também é uma parte disso. Também já concretizei alguns dos meus sonhos no que a isso diz respeito: trabalhei com alguns fotógrafos, marcas e estilistas que já há muito tempo queria trabalhar. Já me encontrei com o Wolfgang e damo-nos muito bem. Ele é um óptimo estilista. Um dos meus maiores sonhos é um dia lançar uma linha de roupa. Quero concretizar este sonho um dia. Mas também gostava de ter tempo para levar isto a sério. Não quero apenas assinar o meu nome nalgum sítio. Até já tenho alguns desenhos e nomes que tenho vindo a fazer há alguns anos. Só que até agora ainda não chegou a altura certa, mas algum dia virá.
Mas agora primeiro pensa-se na música?
Kaulitz: Nos próximos tempos, pensa-se só no álbum. Temos uma agenda muito ocupada e não temos sequer um minuto para fazer outras coisas. Por isso, ainda vai demorar um pouco.
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