Durante cinco anos, eles estiveram engolidos pelo planeta Terra. Devido à histeria desumana em torno da sua vida privada, os best-seller alemães Tokio Hotel enfrentaram o boi pelos cornos e foram para Los Angeles. Depois de uma longa pausa de auto-descoberta, o desejo de fazer música voltou. "Kings of Suburbia", o tão esperado álbum de regresso, distanciou-se dos antigos trabalhos do quarteto e entrou nas tabelas de música electrónica. Na entrevista à Krone, o cantor Bill Kaulitz fala sobre as mudanças mais particulares e musicais e porque a banda decidiu colocar tudo nas suas mãos.
Krone: Bill, depois de quatro anos de pausa, a preocupação de não estarem ligados a sucessos anteriores deve ter sido muita. O quão satisfeitos estão agora que o álbum chegou a número um nas tabelas do iTunes de 27 países?
Bill Kaulitz: Desde o início que nunca estivemos preocupados porque acreditamos em nós e nas nossas músicas. A maior pressão que fizemos foi em nós. Claro que o sucesso é óptimo e estamos também surpreendidos por este feedback positivo e esta é realmente a melhor parte de todas.
Krone: Mas nem todos os vossos fãs ficaram muito encantados - alguns mais velhos, que têm ouvido sempre Tokio Hotel, estão muito chateados devido a terem mudado para um estilo de música electrónico. Porquê esta mudança?
Kaulitz: A nossa única exigência era que nós próprios gostássemos do álbum. Não mudámos de forma consciente, mas escrevemos e produzimos. O resultado foi a música que nos faz sentir bem. Também não nos queríamos comprometer com nada, mas apenas ir em frente com aquilo que era melhor para nós. É óbvio que nem toda a gente gosta e é completamente normal.
Krone: Houve uma altura em que as letras em inglês não eram um problema para vocês - agora o álbum inteiro está nessa língua.
Kaulitz: Bem, desde o nosso segundo álbum, que temos lançado todos os álbuns em duas línguas e o último álbum "Humanoid" foi escrito em inglês e em alemão. Naquela altura, já nos tínhamos apercebido que apenas escrevíamos em alemão só porque as pessoas assim o esperavam. Então, tínhamos imenso para traduzir e tínhamos de cantar cada música duas vezes - grande parte do conteúdo ("essência") perdia-se. Além disso, há momentos no estúdio que não os repetes uma segunda-vez. A tradução era quase como trabalho de escritório. Mas pensámos que não seria bom e queríamos deixar as músicas tal como elas tinham sido feitas originalmente. Neste caso, escrevemos tudo em inglês e também porque o processo de traduzir nos pareceu tão anti-natural que desta vez não o fizemos.
Krone: No vídeo da "Girl Got a Gun" vê-se um peluche a masturbar-se e muitas alusões a sexo. No vídeo da "Love who loves you back" podemos ver-te a curtir com homens e mulheres. Isto era algo necessário para se voltarem a destacar depois de uma longa ausência?
Kaulitz: Não foi algo que tivéssemos planeado fazer. De certeza que muitas pessoas pensam que isto foi algo pensado, mas nós apenas decidimos as coisas no momento. Não pensámos sequer nessas provocações, nem pensámos nestas discussões. Ficámos totalmente surpreendidos com isto. Não tentamos criar escândalos, mas apenas fazemos tudo da forma que pensamos ser mais fixe e mais brutal. As pessoas podem fazer disto aquilo que elas quiserem.
Krone: Mas é bom que ainda consigam centralizar as atenções. Não é algo fácil de se fazer hoje em dia.
Kaulitz: Sim, é verdade. Há tantos artistas que fazem coisas doentias - alguns, por exemplo, não há sequer uma parte do corpo que ainda não tivessem mostrado. E é por isso que eu nem sequer tinha pensado que o nosso vídeo fosse gerar uma discussão.
Krone: Já que inicialmente estávamos a falar das diferentes críticas - uma das que fez menos justiça foi a do "Süddeutsche": "É como se o David Guetta tivesse gravado uma guitarra electrónica no seu iPad". Isto incomoda-vos muito?
Kaulitz: (risos) Muitas das vezes, a crítica é criticada. Raramente algo bom vem dela. Muitas das vezes, os jornalistas ficam lixados porque não conseguem ter uma entrevista connosco. Na história da música, aconteceu muitas vezes os melhores álbuns serem mal recebidos pelos jornalistas logo após o seu lançamento. No final, uma pessoa escreve algo assim e isso nem sequer nos afecta muito - nós nem sequer lemos isso.
Krone: Depois de terem lançado o vosso terceiro álbum "Humanoid", depressa se mudaram para Los Angeles devido à insuportável histeria que se gerou à vossa volta na Alemanha. Este foi um passo necessário para que conseguissem crescer em paz?
Kaulitz: Sem dúvida que mudar-nos para lá foi necessário, tanto para o nosso processo criativo, como para as nossas vidas privadas. Depois do "Humanoid" já nem sequer sabíamos o que dizer mais. Estávamos completamente vazios e não tínhamos inspiração. Tivemos que nos distanciar da nossa carreira e não fazer nada durante uns tempos. Tentámos separar a nossa vida privada e isto é necessário até para fazer música. Claro que poderíamos ter ido simplesmente para o estúdio gravar qualquer coisa, mas pretendíamos fazer algo incrível e nós somos os nossos críticos mais duros. Não queríamos apenas fazer algo só para cumprir o contrato. Mas as coisas demoram mais quando - tal como fazemos agora - se faz as coisas por nós próprios.
Krone: Houve alturas em que vocês não podiam nem sequer ouvir o nome Tokio Hotel. Quanto tempo é que demorou a energia e a motivação a voltar?
Kaulitz: Bem, demorou imenso tempo. Tínhamos a sensação que ainda andávamos sempre em tour e que nunca tínhamos feito uma pausa. Voltando atrás, nessa altura haviam mais coisas da nossa vida privada do que da nossa música até que as coisas ficaram fora de controlo. Não gostámos nada disso e acima de tudo queríamos desaparecer dos media. Foi a maior e mais difícil tarefa. Nada de escândalos, nada de coisas absurdas, nada de entrevistas e nada de fotografias. Não foi fácil fazer isto. E depressa se sente saudades de se fazer música, por isso, depois de um ano e meio voltámos a escrever e a produzir as coisas no estúdio que nós próprios construímos. Não demorou muito até que o nosso desejo por actuar voltasse e para partilhar a nossa música com as pessoas.
Krone: A vossa personalidade mudou? Estão mais americanos agora?
Kaulitz: Bem, todos os americanos dizem que somos os típicos alemães. Somos pontuais, somos de confiança e todos muito correctos. Acho que também se pode ver que continuámos a falar alemão nos EUA.
Krone: Agora já têm outra vez uma melhor relação com a vossa casa?
Kaulitz: Nós nunca tivemos uma má relação com a Alemanha e adoramos imenso a Alemanha. Se pudéssemos viver sem grandes perturbações na Alemanha, então viveríamos aqui. O Georg e o Gustav ainda cá vivem e todos nós temos uma boa relação com os nossos pais e família. Não temos assim grandes problemas.
Um regresso destes tem de ter uma decente tour como é óbvio. O que é que podemos esperar para 2015?
Kaulitz: De momento ainda estamos a planear a tour e acho que vamos dar concertos ao vivo durante o ano inteiro a começar na primavera. Queremos ir a todos os países e estarmos em grande para os nossos fãs.
Tradução (baseada no inglês): CFTH
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