Cooperativa - Tokio Hotel: "A indústria musical está tão lixada que já não podes confiar em ninguém"

A banda conversou com o Cooperativa antes da sua vinda ao país no próximo dia 30 de Agosto.
Falaram sobre o seu regresso, o seu crescimento e como mudaram a percepção do público fazendo "o que os faz feliz".


Passaram cinco anos desde que estiveram no Chile pela última vez. Durante esse tempo descansaram mas também tiveram ideias para o vosso novo sucesso discográfico intitulado  "Kings of Suburbia".

E é esta a obra que os  Tokio Hotel  vão apresentar no próximo dia  30 de Agosto  no Teatro Caupolicán, onde poderá ser visto e ouvido o cenário e músicas únicas que diferem dos seus trabalhos anteriores, este que é o seu quinto álbum de estúdio.

Bill Kaulitz (vocalista), Tom Kaulitz (guitarrista), Georg Listing (baixo e teclados) e Gustav Schäfer (bateria) começaram a digressão latino-americana  "Feel It All"  na passada quinta-feira com um espectáculo em Bogotá, na Colômbia. O Perú, a Argentina e o Brasil serão os destinos antes de chegarem ao Chile.

Antes da sua visita ao país, a banda conversou com o  Cooperativa  sobre o que se passou nestes anos em que não pisaram território nacional, o seu período de silêncio e as coisas que têm em mente nestes dias.




E foi Bill Kaulitz que começou a falar sobre o enorme descanso que fizeram, sublinhando que "esse distanciamento foi necessário para dar um passo fora da carreira e respirar e reflectir sobre tudo. Para além de encontrar nova inspiração para a música porque há muitos artistas que lançam um disco com ano e nós achamos que isso não é natural. Nós deixamos as coisas acontecerem por elas".

Para além disso, adiantou que necessitávamos de tempo no estúdio, que a vida passasse e que nos inspira-se porque se só estás em digressão e fazes o mesmo todos os dias não há nada sobre o qual possas escrever. Foi por isso que necessitávamos deste espaço para voltar a estúdio. Era algo necessário para a banda e para o disco".

Mas durante esse tempo chegaram a pensar acabar definitivamente com a banda? Bill assegurou que "isso nem sequer se colocava em questão para nós. Temos uma banda há tanto tempo e crescemos juntos. Não somos apenas uma banda, somos uma família, como irmãos. Sei que soa um pouco cliché mas é assim mesmo, conhecemo-nos desde sempre. Não acredito que chegaríamos a fazer música e estar neste caminho uns sem os outros. Separar-nos nunca foi uma opção. Para nada".

Exactamente o que queríamos fazer


Kings of Suburbia"  trata-se de um cocktail entre rock, pop rock e música electrónica, principalmente nas músicas como "Love Who Loves You Back", "Girl Got A Gun" e "Stormy Weather".

Bill manifestou que se trata de uma evolução natural, "fomos a muitas festas, saímos muito e pela primeira vez fomos capazes de nos misturar com a multidão e entregar-nos às noites de Los Angeles. E aconteceu que tudo era muito mais electrónico. Para além disso, os nossos gostos musicais pessoais encaminharam-se nessa direcção e começámos a ouvir muito mais música electrónica. Foi isso que aconteceu e finalmente encontrámos o nosso som, exactamente aquilo que queríamos fazer".

Satisfeito por aquilo que fizeram, Tom Kaulitz concorda com o que o irmão disse, sobretudo com o aproveitarem a liberdade e o tempo em que conseguiram ter graças à pausa musical que fizeram.

"Ao criar este disco foi realmente a primeira vez em que fizemos tudo por nossa conta desde o início. Desde os primeiros demos, encontrar sons, as canções. É realmente a nossa própria obra. Mesmo assim o desenvolvimento para nós não foi tão rápido como para o público, "Kings of Suburbia" é um disco que produzimos em quatro anos, pelo que foi uma viagem para nós. No entanto que para o público e os fãs foi uma surpresa porque nunca tinham ouvido nada durante esse tempo", reflectiu Tom.

O que nos faz felizes


Os membros dos Tokio Hotel cresceram com o seu público. Estão a experimentar coisas semelhantes. Elementos comuns notam-se tanto nas letras das suas músicas como no gosto adquirido pelas novas melodias.

O que mudaram desde que começaram em 2001? Georg Listing acredita que não mudou muita coisa. "Quando estamos juntos e pensamos no que éramos há 15 anos atrás, nada mudou. Somos os mesmos miúdos e fazemos a mesma m*rda que fazíamos há 15 anos atrás. Mesmo assim, sem dúvida, fazemos melhor música do que fazíamos antes".

Bill acrescenta que nunca tentámos criar uma imagem, apenas criamos música e tentamos fazê-la de acordo com o que gostamos. Fazemos música da qual gostamos sem pensar muito. Nunca chegámos ao estúdio a pensar que tínhamos de criar uma canção para uma audiência em específico. Isso não funciona".

O material "tem de ser autêntico. É o tipo de coisa que se faz feliz para que os outros sejam felizes também. Não temos um público-alvo nem nada disso. Todos são bem-vindos nos nossos concertos, desde miúdos e graúdos, jovens, homens, mulheres, idosos, é igual".

"A beleza da música é a que nos une a todos. Não tens limites nem género. Muita gente de diferentes culturas reúnem-se e isso é fantástico", disse Kaulitz.

Um tema superado


Um tema muito ligado ao seu crescimento é como é que tanta gente, tantos críticos de música como público, se questiona e não acreditam que sejam realmente músicos mas apenas uma banda inventada.

Mas segundo Bill esse é um tema superado. "Nesta altura isso já não é um problema. Mas quando éramos mais novos as pessoas pensavam mal porque éramos demasiado pequenos e todos muito diferentes".

"Por isso mesmo pensavam que nos tinham juntado. É um pouco triste porque as pessoas não confiam nas bandas que se formaram naturalmente: quatro jovens que querem fazer música. Mas acho que a indústria musical está toda lixada e já não podes confiar em ninguém".

"Agora somos maiores e essa ideia já não existe porque já somos "séniores" nesse mundo. Sabemos muito bem como funcionam as coisas. Já o fazemos há algum tempo".

Chile, loucura absoluta


Não há um vínculo estreito entre os Tokio Hotel e o Chile , justamente pelos factores como a juventude dos músicos e o tempo que passou desde a sua última visita, ou seja, um período maior do que esperavam de outras bandas para virem ao nosso país. Mesmo assim, o que guardam da última visita ao país não é menor.

"Recordamo-nos de que e uma loucura absoluta. Quando chegámos ao aeroporto havia tanta gente que quase nos passaram por cima. Havia imensa polícia, muitos fotógrafos. Foi extremamente louco. Lembro-me do imenso entusiasmo. Foi um autêntico tremor de terra na primeira noite que passámos lá. Por isso foi óptimo. Foi uma experiência interessante", confessa Bill.

Conhecendo tal reacção,  Tom acrescentou que se têm preparado para esta nova oportunidade de se encontrarem com os seus fanáticos chilenos, contando que "levaremos ao Chile o espectáculo da digressão que já fizemos no início do ano. Como demorámos algum tempo a fazer o disco, vamos tocar a maioria das suas músicas. Os clássicos dos Tokio Hotel também lá estarão".

Vai ser um espectáculo alucinante. Vamos transformar cada lugar numa noite de loucura. Temos um conjunto de luzes incríveis, ecrãs e todas essas coisas que as pessoas ainda não viram. Tudo combinado com a música e um lindo guitarrista vai ser o melhor espectáculo que já viram", concluiu o músico entre gargalhadas.

Os Tokio Hotel apresentar-se-ão na próxima terça-feira, 30 de Agosto, no Teatro Caupolicán. Os bilhetes estão disponíveis através do sistema Ticketek com valores entre os 30 mil e os 150 mil pesos mais taxas de serviço.

Tradução: THF Portugal
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