Mate nº43/2014 (Alemanha)

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Tradução:

Idolatrados, ignorados, celebrados e ridicularizados mas nunca passam ao lado: Depois do lançamento do seu single de estreia "Durch den Monsun", os Tokio Hotel tornaram-se na banda alemã com mais exportações da última década. Foi especialmente em França que a banda encontrou o seu público e os seus singles e álbuns entraram nos tops franceses. Neste momento, qualquer alemão que oiça música sabe do muito expressivo líder da banda, Bill Kaulitz - pode-se dizer que as pessoas têm orgulho nos rapazes da Alemanha, porque conseguiram trabalhar pelo mundo inteiro - uma autêntica raridade nos artistas alemães. Na nossa entrevista com o Bill e o Tom Kaulitz tentámos saber onde andaram nos últimos quatro anos, se vamos conseguir - nalgum momento - ver o Bill apenas a vestir uma T-shirt lisa e calças de ganga e, principalmente, a que soa o novo álbum.


O vosso quarto álbum de estúdio será lançado em breve. Faz cinco anos que vocês lançaram o anterior. Um ano depois do lançamento de "Humanoid" decidiram fazer uma pausa na vossa carreira e mudaram-se para Los Angeles.
Bill:
Sim, é assustador como já passaram quatro anos.

Por que razão decidiram mudar-se especificamente para a América?
Bill:
Foi uma decisão espontânea. Sabíamos que tínhamos de sair da Alemanha e também já conhecíamos algumas pessoas em Los Angeles - por isso é que escolhemos essa cidade. Na altura andámos à procura de uma segunda residência mas agora não temos intenções de voltar definitivamente para a Alemanha.
Tom: Depois de toda a loucura que aconteceu na Alemanha, basicamente acabámos por nos mudar durante a noite. Não tínhamos sequer visto a casa para onde nos íamos mudar, apenas escolhemos na internet. Depois fizemos as malas e mudámo-nos, sem qualquer bilhete de volta.

Foi difícil para vocês "não fazer nada"?
Ambos:
Não foi nada difícil! (risos)
Bill: Seria estúpido dizer que trabalhámos no álbum a tempo inteiro. Primeiro, não fizemos nada. Simplesmente relaxámos e fizemos coisas que não podíamos fazer antes.

Em 2013 fizeram parte do júri do programa DSDS. Foi porque sentiam saudades de estar num palco?
Bill:
Não tínhamos tempo para essas coisas. Quando estávamos na estrada com a banda, ser um júri de um programa desse género estava fora de questão. Haviam propostas de trabalho desse género constantemente, até ao ponto que não podíamos dizer mais que "não".
Tom: (risos)

Como se mantiveram em contacto com os vossos fãs nos últimos quatro anos? Colocaram imensas gravações de backstage no vosso canal no Youtube. Quando foi o dia em que disseram "Olá, estamos de volta!"?
Bill:
Sim, basicamente começámos a publicar episódios da Tokio Hotel TV novamente. Já o tínhamos feito antes. Com o novo álbum, deixámos as pessoas entrar um pouco na nossa vida e uma olhadela no behind-the-scenes no nosso estúdio.

Tom, no trailer oficial do novo álbum, vemos-te a misturar músicas, para além de tocares guitarra. Quando é que mudaste a guitarra pelo sintetizador?
Tom:
Foi mais uma necessidade Quando começámos o processo de escolher as primeiras músicas, fazer música e encontrar-nos com os produtores de novo levou-nos para um caminho que não queríamos seguir. As sessões de escrita das músicas com outros escritores, por exemplo, não correram como imaginámos. E é por isso que eu disse ao Bill que devíamos fazer tudo nós próprios. Fizemos um estúdio em casa e começámos a trabalhar. Nem tínhamos a intenção de realizar todo o álbum. As coisas foram andando e agora eu o Bill somos produtores executivos do álbum e acontece que eu produzi a maioria das músicas. Sinto-me fantástico, mas foi - claro - apenas porque tínhamos muito tempo para isso.

Vamos falar novamente do trailer: Bill, nesse trailer dizes que dizes muitas vezes "não" a algumas músicas que demoraram horas a produzir. Quem na banda tem a última palavra no que toca a escolher músicas? Ou é uma decisão em grupo?
Bill:
Nós tentamos com que pareça uma decisão em grupo mas, para dizer a verdade, sou eu que puxo a brasa à minha sardinha (risos). Claro que decidimos tudo juntos, e fazemos com que todas as pessoas possam aparecer e dar a sua opinião. Sabemos o que é importante para os outros. O Tom sabe que, quando digo "não" a uma música de um modo específico, sabe que não vale a pena convencer-me do contrário porque sabe que não vou mudar a minha opinião - ele deixa ir e vice-versa.

Quem é o responsável pelas letras?
Bill:
Escrevemos todas as letras do álbum em conjunto.
Tom: Mas a maioria foram escritas por ti.
Bill: Claro que eu sou o principal responsável pelas letras. Algumas músicas foram completamente escritas por nós, outras tivemos ajuda de escritores e produtores.
Tom: Se as músicas estiverem brilhantes e mesmo no ponto, então é porque foram escritas por mim. Todas as outras que não estiverem, foram escritas pelo Bill (risos).
Bill: (risos)

Estão a utilizar mais efeitos electrónicos e vocoders - é essa a direcção que os Tokio Hotel vão levar musicalmente no futuro?
Tom:
No que toca a efeitos vocais, diria que sim, que é esse caminho que vamos tomar. Também depende sempre da música. Não criámos um limite para usar ou não um vocoder ou um autotune. Há vocais onde se pode fazer as mais diversas coisas, e isto parece cliché, mas há sempre partes que soam muito melhor quando usam uma enorme quantidade de autotune, e é nessa categoria que o Bill se enquadra. Ao início deixei de parte esses efeitos na música, porque achava que não eram necessários. Mas depois tive de usar porque o Bill não conseguia cantar, daí os efeitos serem precisos (risos de ambos)
Bill: Para dizer a verdade, não pensámos numa direcção que quiséssemos que este álbum levasse. É também por isso que fizemos uma pausa, porque queríamos saber o que haveríamos de fazer musicalmente. Uma vez que passou tanto tempo, muitas coisas aconteceram. Tu mudas e desenvolves um gosto diferente. O álbum também foi inspirado na vida nocturna, uma vez que saímos muito. Queríamos fazer música da qual nós gostássemos também.

Qual foi o último álbum que compraram?
Tom:
Eu normalmente compro músicas. Recentemente comprei uma música - como é que ele se chama? José?
Bill: Hozier ou algo assim. Nem sei dizer o nome dele.
Tom: Como é que se chama a música?
Bill: "Take Me To Church".
Tom: "Take Me To Church", é essa mesmo. Criámos uma playlist no Spotify onde escondemos a pista para a data de lançamento do nosso álbum. A playlist reflecte de certa maneira o nosso gosto musical.
Bill: Eu também gosto da Robyn. Compro todas as músicas que ela lança. Também gosto muito da Ellie Goulding.

O estilo é uma parte importante dos Tokio Hotel. O que é que podemos esperar de vocês quanto a isso?
Bill:
Podem esperar muito (ambos riem). Para além da música, o aspecto visual de tudo também é muito, muito importante. Fizemos uma sessão fotográfica fantástica no outro dia onde pudemos soltar-nos. O meu estilo muda constantemente, de qualquer maneira.
Tom: O Bill sim, solta-se. Já o resto da banda apenas descansou (risos).

Bill, também utilizas fatos em palco no qual não pareces estar muito confortável. Não achas que às vezes devias usar só uma T-shirt lisa e umas calças de ganga?
Bill:
Quando vou passear o meu cão também visto calças. Mas nunca usaria algo assim em palco. Quando estamos em digressão e não tenho um fato para vestir sinto-me desconfortável. Usar um boné, calças de ganga e uma T-shirt em palco é algo que, sim, me deixaria inseguro.

Sempre deram a sensação de lidarem com os media de uma maneira muito relaxada, especialmente tu, Tom, parece que te divertes a gozar com os jornalistas. Como é que descreveriam essa vossa relação com os media?
Tom:
Sim, tentamos lidar com eles de uma forma relaxada. Mas tenho de admitir que não é sempre assim. Eu saí na capa do BILD quando a nossa primeira música saiu. No dia seguinte tive de enfrentar os meus colegas na escola. Como era jovem senti-me oprimido. Chegou a um ponto onde tivemos de aprender a lidar com a situação porque faz parte do nosso trabalho. Tentamos encontrar um equilíbrio. Quando começámos a nossa carreira, fazíamos tudo. Agora temos de escolher bem.

Acham que era fácil ou difícil de lidarem com os media quando eram assim muito novos?
Ambos:
Era mais fácil.
Bill: Acho que quando és novo não pensas nisso sequer. Quanto mais adulto te tornas - e acho que todos sabemos disto - pensamos mais nas coisas. Ficamos nervosos mais facilmente e as coisas ficam mais complicadas de se fazerem. Sendo jovem deixaste ir na onda. É o mesmo com o álcool e as drogas. Como jovem passas a noite na rua e levantas-te no outro dia. Hoje pensamos mais nas coisas: "Ok, a que horas tenho de me levantar amanhã?"

Já se sentem adultos?
Tom:
Falámos recentemente sobre isso. Estávamos sentados na rua, o Sol estava a nascer, porque o nosso ritmo é assim desorganizado. Eu disse: "Tenho 25 anos e ainda me sinto um miúdo."
Bill: Eu também não me sinto adulto. Estou apenas mais maturo no sentido em que penso mais nas coisas que faço e que tenho de cuidar de mim. Quando fazes 25 anos as pessoas pensam que é sempre a descer (risos).
Tom: É por isso que eu me olho ao espelho e consigo ver os "traços" da noite na cara (risos).
Bill: Sentes-te sempre mais novo por dentro.
Tom: Quando tinha 15 anos sentia-me um adulto.
Bill: Exacto! Quando tinha 15 anos e ia a discotecas pensava: "Quem é que eles pensam que são para me pedirem identificação?" E hoje sinto-me tão jovem que me choco quando as pessoas pensam que são mais velhas que eu. Acho que aprendemos muito com a vida. Provavelmente vamos olhar para trás um dia para este álbum e para as entrevistas que demos, quando lançarmos o próximo e pensar: "Repara como éramos jovens e inexperientes!" Acho que nunca crescemos nesse aspecto.
Tom: Especialmente quando podemos fazer o que quisermos. Temo-lo feito desde os 15 anos (sorrisos).

Tradução: THF

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